O corte de cabelo é um dos eventos mais importantes em um salão de beleza e requer bastante atenção e cuidado do profissional. Atualmente fala-se em hair designer, um nome mais glamuroso que inventaram em substituição a cabeleireira. Mas como acontece em todo fenômeno linguístico, a palavra não está dissociada das marcas sociais e culturais. Assim, se observarmos bem, a função de cabeleireira sempre esteve atrelada a determinados grupos sociais, pelo menos é o que diz a minha memória.
Cresci em um bairro da periferia de Salvador no qual as transformações capilares eram desenvolvidas em casa. Lembro-me de amigas e vizinhas que alisavam com ferro o cabelo, prática que ainda hoje pode ser vista em mulheres de meia-idade. Quando íamos para as festas, colocávamos papel crepom no cabelo embebido com café e limão (dizia-se que era para fixar melhor) e dormíamos com eles para no dia seguinte, à noite, irmos à festa. Os cachos duravam até os primeiros passos das danças de discoteca. Imaginem o odor que os rapazes sentiam com tanto café, limão e suor.
Com o passar do tempo, a indústria de cosmético passou a colocar no mercado inúmeros produtos para fins diversos: alisar, cachear, relaxar, hidratar, colorir tudo para o cabelo adquirir mais saúde e beleza. O interesse pelos produtos dobrou o número de estabelecimentos interessados em absorver a demanda provocada pela busca por um cabelo bonito. A moldura natural do rosto passou a ser sinônimo de bem-estar, autoestima elevada, beleza e saúde.
Além disso, a atividade era basicamente feita por mulheres e os homens eram responsáveis pelos trabalhos em cabelos masculinos - os barbeiros. A divisão de sexo era bem marcada. Hoje em dia, vemos mulheres cuidando dos cabelos masculinos e os homens cuidando dos cabelos femininos. A profissionalização da atividade de cabelo por meio de escolas especializadas e cursos técnicos universitários também ajudou a alavancar o interesse do público pelas transformações do cabelo.
Assim, a cabeleireira começou a virar hair designer ou hair stylist, à medida que a profissão sofisticou-se. Dirigir-se a um salão renomado e procurar por um cabeleireiro é quase uma ofensa, pois a atividade de cabeleireira ganhou tamanha complexidade e especialidade que precisaram inventar outro nome. Aquela atividade doméstica, desempenhada nos fundos da casa ou até mesmo na sala de forma improvisada para atender o público ou a própria pessoa, ganhou as ruas e os salões, transformando-se em maisons, coiffeurs, centers, enfim grandes empresas de estética. Porém, apesar disso, a atividade doméstica ainda continua nos bairros populares das cidades brasileiras.
Assim, a cabeleireira começou a virar hair designer ou hair stylist, à medida que a profissão sofisticou-se. Dirigir-se a um salão renomado e procurar por um cabeleireiro é quase uma ofensa, pois a atividade de cabeleireira ganhou tamanha complexidade e especialidade que precisaram inventar outro nome. Aquela atividade doméstica, desempenhada nos fundos da casa ou até mesmo na sala de forma improvisada para atender o público ou a própria pessoa, ganhou as ruas e os salões, transformando-se em maisons, coiffeurs, centers, enfim grandes empresas de estética. Porém, apesar disso, a atividade doméstica ainda continua nos bairros populares das cidades brasileiras.
Assim, mais do que uma simples troca de nomes, há uma questão histórica, ideológica por trás de cada alteração linguística e que precisamos conhecer.
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